Doenças pneumocócicas: complicações e prevenção
As doenças ocasionadas pelo pneumococo (streptococcus pneumoniae) são as principais causas de morbimortalidade na população em geral, principalmente nos extremos da vida (abaixo de 5 anos e acima de 60).
Outro grupo de risco são os pacientes que apresentam doença pulmonar obstrutiva crônica, etilismo, tabagismo, cardiopatias, diabetes, câncer de órgão sólido, câncer hematológico, HIV/aids, implante coclear e imunodepressão.
As síndromes clínicas mais importantes causadas pelo pneumococo são pneumonia, meningite, OMA, sinusite, bacteremia (que ocorre em 20% a 30% dos pacientes com pneumonia) e as infecções pneumocócicas invasivas, cuja mortalidade é de 20% a 60%.
Estudos recentes mostram que a infecção pneumocócica pode desestabilizar placas de ateroma, levando ao primeiro episódio de doença isquêmica cardíaca.
Outros estudos demonstram que o pneumococo apresenta fatores de cardiotoxicidade que geram microlesões no músculo cardíaco, contribuindo para a disfunção cardíaca com risco de morte súbita no primeiro ano pós-infecção pneumocócica.
Doenças pneumocócicas: o papel das vacinas
1. Vacinas pneumocócicas conjugadas contendo antígenos de 10 (VPC 10) ou 13 (VPC 13) sorotipos de pneumococos. A conjugação dos polissacarídeos capsulares do pneumococo a uma proteína transportadora (vacina conjugada) resulta em antígeno capaz de induzir resposta imunológica, elimina o estado de portador são e gera resposta “booster” inclusive em pacientes imunocomprometidos.
Recente estudo holandês mostrou eficácia vacinal da VPC13 de 45% na prevenção das PAC (Pneumonias Adquiridas na Comunidade) por sorotipos vacinais e de 75% na prevenção de formas invasivas da doença em população adulta com idade maior ou igual a 65 anos.
2. Vacina pneumocócica polissacarídica (VPP23) – contém polissacarídeos da cápsula de 23 sorotipos de pneumococos responsáveis por cerca de 50% a 80% dos casos de infecções pneumocócicas invasivas no Brasil.
A vacina VPC 10 está disponível na rede pública, na rotina dos postos para crianças no esquema de 2 meses, 4 meses e reforço com 12 meses de idade. Também é disponível até os 5 anos de idade em situações especiais. No Calendário Vacinal da Criança da SBIm 2016 / 2017, a VPC 13 está indicada aos 2, 4, 6 e reforço entre 12 e 15 meses.
Os prematuros devem ser vacinados de acordo com a idade cronológica, iniciando-se aos 2 meses de idade. A vacina VPP23 – valente está disponível para idosos e para grupos de maior risco de complicações.
A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) recomendam a vacinação rotineira de maiores de 60 anos com VPC 13, seguida da VPP 23 entre 6 e 12 meses depois.
Para aqueles que já receberam uma dose da VPP23, respeitar o intervalo de um ano para aplicar a VPC 13 e agendar uma segunda dose da VPP23 para cinco anos após a primeira VPP23. Para pessoas de todas as idades integrantes dos grupos de risco, a SBIm recomenda o uso da VPC 13 e VPP 23 no esquema sequencial, com intervalo de dois meses entre elas.
As vacinas são um importante componente no cuidado com a saúde de pessoas que vivem com HIV/aids. Estas pessoas apresentam risco aumentado de aquisição de doenças imunopreveníveis e podem desenvolver quadros mais graves. Um exemplo é o maior risco para doença pneumocócica invasiva (DPI), maior chance da infecção pelo vírus da hepatite B evoluir para cirrose e hepatocarcinoma.
Deve-se considerar de forma geral que as vacinas inativadas são bastante seguras; já com as vacinas de vírus vivos atenuados, é preciso levar em consideração alguns outros aspectos como a relação risco x benefício num determinado momento.
Texto publicado originalmente na Revista Saúde
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