Importância das coberturas vacinais: saiba tudo sobre o assunto
A importância das coberturas vacinais é um tema de extrema relevância para a saúde pública. Vacinas são ferramentas cruciais no controle de doenças infecciosas, prevenindo surtos e protegendo indivíduos vulneráveis.
No entanto, para garantir sua eficácia, uma parcela significativa da população precisa ser imunizada, conceito conhecido como cobertura vacinal.
Infelizmente, desinformação e receio podem levar a taxas de cobertura vacinal abaixo do ideal. Isso põe em risco não apenas aqueles que decidem não se vacinar, mas também os muito jovens, os mais velhos ou aqueles com sistema imunológico comprometido, que não têm a opção de se vacinar.
Por isso, preparamos um conteúdo completo sobre a importância de manter altas taxas de vacinação, os perigos de baixas taxas de cobertura e os desafios que obstaculizam a obtenção de uma cobertura vacinal adequada.
Um breve histórico da cobertura vacinal no Brasil e do PNI
Sucesso no Brasil e no exterior, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) foi instituído pelo Ministério da Saúde (MS) em 1973. Neste ano, o país recebeu o Certificado Internacional de Erradicação da Varíola pela campanha realizada entre 1967 a 1971.
Depois disso, houve melhora da experiência em vigilância epidemiológica e em imunizações. Foi criado o Plano Nacional de Controle da Poliomielite (PNCP) e de outras doenças. Em 1994 o país recebeu o Certificado de Erradicação da transmissão autóctone da Poliomielite.
As campanhas tiveram papel primordial, e em 2015 foi atingida a meta de 95% ou mais de cobertura vacinal.
A cobertura vacinal previne a volta de doenças do passado
A pólio se mantém de forma endêmica no Paquistão e Afeganistão principalmente em crianças abaixo de 5 anos.
Portanto, é fundamental a manutenção de elevadas coberturas em todos os municípios, pois a pólio não está erradicada no mundo. O fluxo global de pessoas pode ser fonte de infecção e transmitir a doença para crianças não vacinadas.
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Em 1992 foi criado o Plano Nacional de Eliminação do Sarampo (PNES). Com isto, houve queda na mortalidade por sarampo em 73% entre 2000 a 2018. O Brasil havia recebido a Certificação da eliminação do Sarampo, Rubéola e da Síndrome da Rubéola Congênita em 2016.
Com os baixos índices de vacinação desde então, perdemos o título de “área livre de circulação do vírus autóctone”.
Hoje, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil está entre os 10 países com mais crianças pequenas sem nenhuma dose das vacinas de rotina e com maior risco de retorno das doenças já controladas.
Temos 1,6 milhão de crianças com zero dose (1 em cada 3), cálculo que considera crianças que não receberam a primeira dose da vacina pentavalente, que protege contra cinco infecções bacterianas. Isso ocorre também com a vacina da poliomielite.
A cobertura vacinal em 2022 foi de 60,7%, segundo informações do DATASUS, do Ministério da Saúde.
A influência da pandemia na cobertura vacinal
A pandemia da COVID 19 deixou marcas nas pessoas em todo mundo nestes últimos 3 anos, principalmente nas crianças.
O fechamento das escolas, o isolamento familiar e a falta de contato com outras crianças atrasaram o desenvolvimento infantil e afetaram a circulação dos vírus comuns na infância (estes tiveram diminuição nos dois primeiros anos da pandemia)
O isolamento social para proteção contra o coronavírus também evitou a transmissão de outros vírus, entre eles o Influenza, causador da gripe.
A influenza é responsável por 1 bilhão de casos de gripe por ano, sendo de 3 a 5 milhões de casos graves com 650 mil mortes.
Em relação à Covid-19,no último triênio as Américas tiveram mais de 190 milhões de casos e 2,9 milhões de mortes (25% e 43% do total global, respectivamente) .
O início da vacinação e o aumento de doses aplicadas levaram à redução do número de óbitos e do número de hospitalizações.
Os esforços de retomada da cobertura vacinal
O Projeto Reconquista das Altas Coberturas Vacinais, coordenado pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos/Fiocruz), ao lado da Secretaria da Vigilância em Saúde e da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM), visa implementar apoio estratégico ao PNI para assegurar o controle das doenças imunopreveníveis.
O plano engloba apoio aos municípios para resolver problemas de infraestrutura e capacitação profissional.
Vários aspectos serão abordados, como ampliação dos horários de abertura das salas de vacinas, vacinação escolar, recomendações específicas da classe médica e agentes de saúde, campanhas junto aos meios de comunicação para controle das redes sociais e digitais em que as pessoas compartilham desinformações.
Por que é importante manter uma alta cobertura vacinal?
A vacinação é uma das maiores conquistas da humanidade, pois reduziu drasticamente as doenças infecciosas, o que levou à queda da mortalidade infantil.
Nos últimos tempos, principalmente após a pandemia, está ocorrendo uma tendência global de resistência às vacinas – hesitação vacinal – ocasionada pelas fake news que ameaçam a saúde pública. As pessoas tendem a acreditar que as doenças já foram totalmente erradicadas, o que não é verdade.
A prevenção tem sempre a melhor relação custo x efetividade e deve ser focada principalmente na saúde infantil, materna e dos idosos.
“Vacinar é um dever de cidadania e solidariedade porque não só eu protejo a mim e à minha família, mas contribuo para que toda a comunidade esteja protegida”.